Saúde, mente e corpo: o tripé que vai fazer você começar a dançar hoje

Maria Cristina Lopes. Sou formada pela PUC-Rio e mestre pela Universidade de Coimbra. Trabalho com a dança desde 2013 e desenvolvi o 1º curso de psicologia da dança do Brasil em 2016. Sou defensora da área de psicologia da dança, atendo bailarinos, ofereço consultoria para escolas e companhias e capacito professores e psicólogos nesta área promissora.

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Os benefícios para a mente

Podemos considerar que o corpo humano é uma máquina que funciona de acordo com a consonância de todas as suas partes. Por isso a dança é uma atividade tão poderosa: ela o trabalha como um todo. Como percebemos no último parágrafo, o movimento e controle corporal, por exemplo, influenciam diretamente em como o indivíduo se vê e como exprime suas emoções a partir dele, gerando portanto uma mudança mental das percepções do  indivíduo.

Embora tudo esteja interconectado, com relação à mente, é possível dividir os benefícios entre as capacidades cerebrais e o bem estar do indivíduo. No que diz respeito ao primeiro aspecto, a dança ajuda o cérebro a fazer novas conexões e a trabalhar mais rápido (Alpert, 2011), provocando efeitos positivos na memória, na habilidade multitarefa e na atenção. Afinal, decorar uma coreografia, dançar no ritmo e ainda se expressar através da música não é nada fácil.

Mas a dança tem um caráter muito mais transformador e difícil de mensurar, que é o impacto no bem estar do indivíduo. Além de ser um ótimo meio de expressão e criatividade, segundo Mazo, Cardoso & Aguiar (2006), a dança está também associada ao aumento da alegria, da autoeficácia e do autoconceito, levando a uma sensação de sucesso que, por sua vez, reforça a autoimagem e a autoestima positiva. O impacto também se dá na motivação, uma vez que os desafios superáveis impostos pela dança ajudam o indivíduo a se sentir mais competente e capaz. 

Os benefícios para a saúde

Não é difícil imaginar que as melhorias corporais, mentais e psicológicas proporcionadas pela dança resultem em uma maior qualidade de vida e saúde para os indivíduos que a praticam. Mas além disso, as benesses promovidas ou envolvidas na prática da atividade física podem ser terapias complementares para diversas condições.

Como apresenta Lopes (2019), terapias baseadas em dança aplicadas a indivíduos com Parkinson, autismo, dores crônicas e fibromialgia têm obtido resultados satisfatórios. Já a dança sênior nasceu justamente com o objetivo de melhorar diversos aspectos debilitados pela velhice, e isso tem contribuído para seus praticantes alcançarem uma vida mais ativa, independente e feliz. 

No que concerne ao estresse, à ansiedade e à depressão, por exemplo, a dança funciona tanto na prevenção quanto no seu combate. Como qualquer prática física, a dança aumenta os níveis de endorfina (conhecida como o hormônio do bem estar) no organismo. Portanto, naturalmente funciona como um antídoto contra o estresse. O isolamento social, muitas vezes causa e consequência de doenças como ansiedade e depressão, também é combatido com facilidade a partir das interações sociais promovidas pela dança. A própria possibilidade de expressar sentimentos através do corpo também pode funcionar como válvula de escape para as emoções que, muitas vezes não ditas, sobrecarregam o indivíduo.


>> Leia também: Saiba como a dança pode ajudar a prevenir e combater a ansiedade

REFERÊNCIAS:


Alpert, A. (2011). The Health Benefits of Dance. Home Health Care Manegement & Practice, 23 (2), 155-157.

Liberali, R..; Lima, S. (2006). Dança: movimento e identidade. Rev Digital Efdeportes.com, Buenos Aires, v. 11, n. 103, p. 1-2. Disponível em: <http://www.efde-portes.com/efd103/moviment.htm>. Acesso em: 15 jun. 2010.

Lopes, M.C. (2019). Curso psicologia da dança: temas e perspectivas. Editora Garcia. Juíz de Fora, MG.

Mazo, G.; Cardoso, F.; Aguiar, D. (2006). Programa de hidroginástica para idosos: motivação, autoestima e autoimagem. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum, v. 8, n. 2, p. 67-72. Disponível em: <http://ciencialivre.pro.br/media/3c0567ef91560b95ffff80acffffd524.pdf>. Acesso em: 15 jun. 2010.

Motta, M. A. M.; Motta, S. M.; Liberali, R. (2012). A motivação e a autoestima de adolescentes em um projeto de dança. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte – v. 11, n. 2, p. 55-67. 

Nanni, D. (2005). O Ensino de Dança na Estruturação/Expansão da Consciência Corporal e da Auto-estima do Educando. Fitness & Performance Journal, vol. 4, núm. 1, enero-febrero, pp. 45-57. Rio de Janeiro.

Schmidt, R. F. et all. (1980). Fisiologia sensorial. São Paulo, EPU, Springer, Ed. da Universidade de São Paulo.

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COMO FAZER REFERÊNCIA A ESTE ARTIGO:


Lopes, M. C. (2020, junho 02).  Saúde, mente e corpo: o tripé que vai fazer você começar a dançar hoje [Blog]. Recuperado de: https://www.mariacristinalopes.com/sa-de--mente-e-corpo--o-trip--que-vai-fazer-voc--come-ar-a-dan-ar-hoje.html

Dançar é uma das atividades físicas mais prazerosas e divertidas praticadas ao longo de todos os tempos. Desde as culturas primitivas, o corpo sempre foi o veículo para a representação de algo (Liberali & Lima, 2006), incluindo os momentos mais importantes da vida, como nascimento, procriação e morte, para evocar fatores necessários à sobrevivência, tais como plantio, colheita, caça, e também como forma de lazer e celebração.

É verdade que, nos tempos modernos, a dança perdeu muito do seu caráter ritual, mas não à toa, é uma das atividades mais antigas do mundo: não faltam estudos que esbanjem os benefícios da dança para a saúde, a mente e o corpo, nas mais diversas idades e nas mais diferentes populações e culturas. E é por isso que a prática da dança precisa ser tão disseminada e praticada quanto já foi em outros tempos. 


Os benefícios para o corpo

Alpert (2011) afirma que a prática frequente da dança pode resultar em uma melhora geral da habilidades corporais: aumento da flexibilidade, da força e do tônus muscular. Movimentos como um simples “dois pra lá, dois pra cá” já podem melhorar a resistência de ossos como fêmur, tíbia e fíbula; movimentos de quadril e rebolados são excelentes para fortalecimento de lombar, juntas e ligamentos.

A atividade também é velha conhecida no que diz respeito à saúde cardiovascular e emagrecimento: embora dançar, no geral, queime menos calorias do que outras atividades físicas diretamente voltadas a isso (como corrida e musculação, por exemplo), o seu caráter lúdico, divertido e socializador pode ajudar a manter a frequência e diminuir a porcentagem de desistência de seus praticantes. Segundo Alpert (2011), estudos mostram que uma pessoa pode perder de cinco a dez calorias por minuto dançando, dependendo da sua altura, peso, idade, condicionamento físico e claro, da modalidade escolhida.

Além de uma melhor resistência e condicionamento de uma forma global, o equilíbrio e a consciência corporal são outras habilidades extremamente desenvolvidas pela dança. Com relação a essa última, inclusive, isso não está relacionado apenas a uma melhor percepção e controle de cada parte do corpo. Trata-se também da imagem que o indivíduo tem do seu próprio corpo (Schmidt et al., 1980), bem como da capacidade de se comunicar com ele, chamada também de linguagem corporal (saiba mais sobre isso aqui).

Gabriela Romão. Jornalista formada pela Universidade de São Paulo (USP), é especializada em escrita científica. Estuda dança desde 2016, com ênfase em modalidades de dança de salão.

Contatos: gabi.r.romao@gmail.com | @romaogabriela

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