Os benefícios para a mente
Podemos considerar que o corpo humano é uma máquina que funciona de acordo com a consonância de todas as suas partes. Por isso a dança é uma atividade tão poderosa: ela o trabalha como um todo. Como percebemos no último parágrafo, o movimento e controle corporal, por exemplo, influenciam diretamente em como o indivíduo se vê e como exprime suas emoções a partir dele, gerando portanto uma mudança mental das percepções do indivíduo.
Embora tudo esteja interconectado, com relação à mente, é possível dividir os benefícios entre as capacidades cerebrais e o bem estar do indivíduo. No que diz respeito ao primeiro aspecto, a dança ajuda o cérebro a fazer novas conexões e a trabalhar mais rápido (Alpert, 2011), provocando efeitos positivos na memória, na habilidade multitarefa e na atenção. Afinal, decorar uma coreografia, dançar no ritmo e ainda se expressar através da música não é nada fácil.
Mas a dança tem um caráter muito mais transformador e difícil de mensurar, que é o impacto no bem estar do indivíduo. Além de ser um ótimo meio de expressão e criatividade, segundo Mazo, Cardoso & Aguiar (2006), a dança está também associada ao aumento da alegria, da autoeficácia e do autoconceito, levando a uma sensação de sucesso que, por sua vez, reforça a autoimagem e a autoestima positiva. O impacto também se dá na motivação, uma vez que os desafios superáveis impostos pela dança ajudam o indivíduo a se sentir mais competente e capaz.
Os benefícios para a saúde
Não é difícil imaginar que as melhorias corporais, mentais e psicológicas proporcionadas pela dança resultem em uma maior qualidade de vida e saúde para os indivíduos que a praticam. Mas além disso, as benesses promovidas ou envolvidas na prática da atividade física podem ser terapias complementares para diversas condições.
Como apresenta Lopes (2019), terapias baseadas em dança aplicadas a indivíduos com Parkinson, autismo, dores crônicas e fibromialgia têm obtido resultados satisfatórios. Já a dança sênior nasceu justamente com o objetivo de melhorar diversos aspectos debilitados pela velhice, e isso tem contribuído para seus praticantes alcançarem uma vida mais ativa, independente e feliz.
No que concerne ao estresse, à ansiedade e à depressão, por exemplo, a dança funciona tanto na prevenção quanto no seu combate. Como qualquer prática física, a dança aumenta os níveis de endorfina (conhecida como o hormônio do bem estar) no organismo. Portanto, naturalmente funciona como um antídoto contra o estresse. O isolamento social, muitas vezes causa e consequência de doenças como ansiedade e depressão, também é combatido com facilidade a partir das interações sociais promovidas pela dança. A própria possibilidade de expressar sentimentos através do corpo também pode funcionar como válvula de escape para as emoções que, muitas vezes não ditas, sobrecarregam o indivíduo.
>> Leia também: Saiba como a dança pode ajudar a prevenir e combater a ansiedade
REFERÊNCIAS:
Alpert, A. (2011). The Health Benefits of Dance. Home Health Care Manegement & Practice, 23 (2), 155-157.
Liberali, R..; Lima, S. (2006). Dança: movimento e identidade. Rev Digital Efdeportes.com, Buenos Aires, v. 11, n. 103, p. 1-2. Disponível em: <http://www.efde-portes.com/efd103/moviment.htm>. Acesso em: 15 jun. 2010.
Lopes, M.C. (2019). Curso psicologia da dança: temas e perspectivas. Editora Garcia. Juíz de Fora, MG.
Mazo, G.; Cardoso, F.; Aguiar, D. (2006). Programa de hidroginástica para idosos: motivação, autoestima e autoimagem. Rev Bras Cineantropom Desempenho Hum, v. 8, n. 2, p. 67-72. Disponível em: <http://ciencialivre.pro.br/media/3c0567ef91560b95ffff80acffffd524.pdf>. Acesso em: 15 jun. 2010.
Motta, M. A. M.; Motta, S. M.; Liberali, R. (2012). A motivação e a autoestima de adolescentes em um projeto de dança. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte – v. 11, n. 2, p. 55-67.
Nanni, D. (2005). O Ensino de Dança na Estruturação/Expansão da Consciência Corporal e da Auto-estima do Educando. Fitness & Performance Journal, vol. 4, núm. 1, enero-febrero, pp. 45-57. Rio de Janeiro.
Schmidt, R. F. et all. (1980). Fisiologia sensorial. São Paulo, EPU, Springer, Ed. da Universidade de São Paulo.
COMO FAZER REFERÊNCIA A ESTE ARTIGO:
Lopes, M. C. (2020, junho 02). Saúde, mente e corpo: o tripé que vai fazer você começar a dançar hoje [Blog]. Recuperado de: https://www.mariacristinalopes.com/sa-de--mente-e-corpo--o-trip--que-vai-fazer-voc--come-ar-a-dan-ar-hoje.html
Dançar é uma das atividades físicas mais prazerosas e divertidas praticadas ao longo de todos os tempos. Desde as culturas primitivas, o corpo sempre foi o veículo para a representação de algo (Liberali & Lima, 2006), incluindo os momentos mais importantes da vida, como nascimento, procriação e morte, para evocar fatores necessários à sobrevivência, tais como plantio, colheita, caça, e também como forma de lazer e celebração.
É verdade que, nos tempos modernos, a dança perdeu muito do seu caráter ritual, mas não à toa, é uma das atividades mais antigas do mundo: não faltam estudos que esbanjem os benefícios da dança para a saúde, a mente e o corpo, nas mais diversas idades e nas mais diferentes populações e culturas. E é por isso que a prática da dança precisa ser tão disseminada e praticada quanto já foi em outros tempos.
Os benefícios para o corpo
Alpert (2011) afirma que a prática frequente da dança pode resultar em uma melhora geral da habilidades corporais: aumento da flexibilidade, da força e do tônus muscular. Movimentos como um simples “dois pra lá, dois pra cá” já podem melhorar a resistência de ossos como fêmur, tíbia e fíbula; movimentos de quadril e rebolados são excelentes para fortalecimento de lombar, juntas e ligamentos.
A atividade também é velha conhecida no que diz respeito à saúde cardiovascular e emagrecimento: embora dançar, no geral, queime menos calorias do que outras atividades físicas diretamente voltadas a isso (como corrida e musculação, por exemplo), o seu caráter lúdico, divertido e socializador pode ajudar a manter a frequência e diminuir a porcentagem de desistência de seus praticantes. Segundo Alpert (2011), estudos mostram que uma pessoa pode perder de cinco a dez calorias por minuto dançando, dependendo da sua altura, peso, idade, condicionamento físico e claro, da modalidade escolhida.
Além de uma melhor resistência e condicionamento de uma forma global, o equilíbrio e a consciência corporal são outras habilidades extremamente desenvolvidas pela dança. Com relação a essa última, inclusive, isso não está relacionado apenas a uma melhor percepção e controle de cada parte do corpo. Trata-se também da imagem que o indivíduo tem do seu próprio corpo (Schmidt et al., 1980), bem como da capacidade de se comunicar com ele, chamada também de linguagem corporal (saiba mais sobre isso aqui).
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Psicologia da dança
"A psicologia pode ajudar o universo da dança promovendo bem-estar, melhora de rendimento e de aprendizagem e muito mais!" Maria Cristina Lopes.
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