Maria Cristina Lopes Quando a mente está leve a dança flui Psicologia da dança

Giovanna Xavier. Psicóloga Mestre, bailarina e professora de dança do ventre. giovannaxavierpsicologa@hotmail.com \ +55 67 981765572

1º É necessário dividir a aula em diferentes momentos.

Alternar a aula entre diferentes momentos é uma estratégia muito interessante para lidar com diferentes perfis de alunos. A dança pode explorar todos os tipos de “personalidade” e é através da variedade de seus movimentos, melodias, ritmos e estilos que podemos encontrar o que é mais confortável e, também, necessário de ser desenvolvido em cada um. Por exemplo, a aula pode ter momentos de maior foco na técnica, mas também outros de maior expressão corporal, relaxamento e diversão (sem muitas exigências). Assim, dá-se um equilíbrio fundamental e saudável em sala de aula. Aquele aluno que tem “sede” pelo aprendizado da técnica encontrará o que busca, mas também achará o que precisa (e, muitas vezes, não sabe): bem-estar, tranquilidade, lazer. Por outro lado, aquele aluno que busca na dança um descanso, um acolhimento, viverá esses momentos de prazer, mas também lidará com desafios práticos, significativos para seu crescimento pessoal.

2º É necessário que o professor tenha clareza de seu papel.

Como dito, é importante atender à particularidade do aluno, porém de forma equilibrada. O professor deve ter muito cuidado para não extrapolar o enquadre de seu papel. Ele deve saber manejar seus sentimentos, e não ceder a tudo que vier a ser-lhe “exigido”. Por exemplo, se o professor começa a ceder a tudo que um aluno com um padrão mais ansioso de comportamento lhe demanda, sua aula estará em função de uma única solicitação, e deixará de estar sensível ao grupo como um todo e, muitas vezes, aos princípios de ensino e aprendizagem que sustentam seu trabalho. É necessário, assim, que o professor se lembre que tem uma função ativa e que identifique o que pode ser trabalhado com esse aluno, ao invés de atendê-lo de uma forma irrefletida. Achar esse enquadre profissional, no entanto, requer experiência, estudo e treinamento do professor. Mas é, sobretudo, diante dos desafios da prática que ele vai sendo encontrado. Erros fazem parte do processo. São, também, a partir deles que o professor se torna mais consciente de qual é o seu papel.

Recomenda-se que as turmas se tornem cada vez mais uniformes, sendo divididas de acordo com propósitos comuns, por exemplo, turma profissional, turma avançada, etc. No entanto, ainda assim, as pessoas não são iguais e o professor deve estar atento aos alunos de uma forma integral (trabalhar apenas um aspecto da dança tende a levar a um desequilíbrio na aprendizagem). A sala de aula é como um verdadeiro laboratório da vida real, possibilitando aos alunos – e ao professor – auto-observação, autoconhecimento, experiências e mudanças. Todos podem crescer juntos convivendo com suas diferenças, e são justamente essas diferenças que se complementam e contribuem para o processo de ensino-aprendizagem uns dos outros.


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A sala de dança é um lugar que reúne vários tipos de pessoas, com objetivos, características e comportamentos distintos.

Em uma mesma turma (e, aqui, destaco turmas nos estágios iniciais e intermediários de aprendizagem), pode haver pessoas que possuem o objetivo de realmente aprender a dançar e se desenvolver como bailarinas, enquanto outras enxergam a dança como lazer, havendo ainda outras que a buscam a fim de aumentar a autoestima ou pela necessidade de incluir uma atividade física em seu dia-a-dia (e as possibilidades não param por aí). É comum, também, que esses objetivos se modifiquem ou se cruzem no meio do caminho, afinal, o contato com a dança é mesmo surpreendente!

Atreladas às diferenças de objetivos, também aparecem as diferenças de comportamentos entre os alunos, fruto da singularidade de suas histórias: um padrão mais ansioso em aprender “tudo” logo, outro resistente a desafios, outro autodepreciativo, outro confiante e resiliente... Por sua vez, lidar com objetivos e comportamentos diversos em uma mesma sala de aula não é tarefa fácil para o professor, e requer habilidade e sensibilidade para contemplar a todos os alunos, sem deixar de ter uma metodologia consistente com seus ideais de ensino e de dança.

Diante disso, baseada em minha experiência como professora de dança, e no olhar como psicóloga, identifiquei dois principais “segredos” para lidar com os diferentes perfis de alunos em sala de aula, partindo de uma premissa básica: o professor precisa saber lidar com pessoas. Não existe a dança sem o bailarino, assim, ambos – dança e bailarino – devem ser considerados no trabalho do professor em sala de aula.


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Como lidar com diferentes perfis de alunos em sala de aula?