Quando estamos falando de dança é comum que o primeiro fator que venha a nossa mente seja o esforço físico. Afinal de contas, a dança é uma arte que requerer expressão corporal e movimento. Bailarinos dedicam incontáveis horas ao aperfeiçoamento da técnica de dança.
Logo, não é uma surpresa que haja a associação entre a profissão com a demanda física que vem junto ao trabalho. No entanto, além da preparação física, há outros fatores que irão influenciar o bailarino.
Entre o ambiente ao seu redor, professores e equipe, um dos fatores que devem ser levado em consideração é a mente. Uma mente preparada e estável pode fazer toda a diferença na vida do bailarino, no seu processo de aprendizagem e na sua vida como profissional.
Por isso, professores passam a ser incentivados a buscar apoio em áreas que antes eram deixadas de lado. Agora, além do preparo físico o bailarino deverá estar forte psicologicamente. Apenas com o equilíbrio dos dois lados, é possível alcançar a excelência com saúde.
Aliás, alguns dos melhores esportistas do mundo são conhecidos pela forma como lidam com a pressão e situações desafiadoras. Logo, é essencial que essa questão seja discutida entre professores e alunos.
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A preparação psicológica do bailarino
“Pessoas diferentes irão reagir a mesma situação de forma diferente”. Provavelmente você já ouviu essa frase na sua vida. No entanto, há uma chance que você nunca tinha parado para questionar o que ela realmente significa.
A psicologia cognitiva é uma área da psicologia que busca relacionar os pensamentos a forma como agimos. Sendo assim, nossas ações são extremamente dependentes da forma como nos sentimentos a respeito de uma situação.
A diferença entre comportamentos de pessoas diferentes sobre uma mesma situação se dá por este motivo. Não é que a situação seja diferente, mas a forma como vemos, interpretamos e lidamos com as situações sim.
Quando trazemos essa lógica para o mundo da dança podemos rapidamente notar como essa diferença poderá afetar o desempenho. Um bailarino que lida bem com situações de pressão provavelmente se sairá melhor do que um bailarino que fica extremamente nervoso antes de uma audição.
A situação em que ambos se encontram é a mesma. Porém, a forma como eles se sentem a respeito dessa situação difere. E isso, por sua vez, irá afetar a forma como eles agem. Logicamente, isso significa que há tipos de pensamentos que poderão influenciar negativamente as suas ações.
Sendo assim, a preparação de um bailarino irá depender não apenas da situação em que ele irá se encontrar, mas como ele irá reagir a ela. Isto expande o trabalho do professor para além das aulas. Uma vez que ensinar um bailarino a dançar não é mais suficiente. É necessário ensiná-los a lidar com as aulas, ensaios e apresentações.
Uma vez que os pensamentos podem influenciar de forma tão significativa as nossas ações, é importante entender esses pensamentos para conseguir identifica-los.
Pensamentos que interferem no desempenho
Acredita-se que o ser humano tenha cerca de 70.000 pensamentos todos os dias. Estes são os pensamentos automáticos, que funcionamento basicamente de forma automática. São aqueles pensamentos mais simples e fáceis de identificar.
No entanto, os pensamentos conhecidos como crenças são aqueles que frequentemente irão afetar a nossa visão sobre a vida, nós mesmos e os outros. Assim, as crenças influenciam os pensamentos automáticos e os nossos comportamentos. Estas crenças são desenvolvidas através de influencias externas - nossas experiências de vida. Ou seja, não é um processo automático. Esses pensamentos se devem às inúmeras experiências ao longo da vida.
Um exemplo da crença seria o pensamento de que “Não posso cometer nenhum erro” ou “Preciso ser adequado o tempo todo”. Esses pensamentos são os que irão afetar de forma mais intensa o que você faz. Uma vez que agir de forma contrária a elas provoca o que é chamado de dissonância cognitiva.
A dissonância cognitiva provoca uma sensação de extremo desconforto. Quando você sabe que deveria ou não deveria fazer algo - de acordo com as suas crenças - mas no fim das contas, você age de forma contrária. Nós estamos constantemente evitando essa dissonância. Logo, buscando agir de acordo com os nossos pensamentos.
Além de possuírem influência sobre nossas ações esses pensamentos também influenciam uns as outros. Ou seja, se você possui a crença de que não é um bom bailarino e se vê em uma situação de teste, o seu pensamento automático será de que você não fará um bom trabalho. Logo, você sente receio e medo, o que atrapalha o seu desempenho final.
Disfunções Cognitivas
Exemplos de pensamentos que influenciam nossas ações são a catastrofização, ou o hábito de aumentar a gravidade de uma situação considerada ruim. O raciocínio emocional, por sua vez, faz com que você acredite que as suas emoções são reais. Ou seja, se você se sente um bailarino despreparado, na sua mente isso significa que você realmente não está pronto para a apresentação .
Além disso, muitos de nós temos o hábito de levar situações ao extremo. Por exemplo, em um ambiente de dança você pode acreditar que se você não ganhar o primeiro lugar a apresentação foi um fracasso. Quando na verdade, o fato de você não ter ganho não significa necessariamente que a apresentação foi ruim. É o pensamento de não ver além do bom e ruim. Ou seja, não há meio termo.
A minimização ou maximização é outro tipo de pensamento comum na dança. Ele ocorre quando minimizamos nossas conquistamos e maximizamos nossas falhas.
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Conclusão
Entender como a nossa mente funciona e a sua influência em nossas ações pode não ser uma tarefa simples. No entanto, a psicologia cognitiva mostra que a forma como agimos está diretamente relacionada a forma como nos sentimos.
Dessa forma, buscar auxilio para modificar o modo como vemos diferentes situações pode ser uma das formas mais efetivas de preparar a mente de um bailarino. De forma geral, nossos pensamentos negativos, por mais que pareçam inofensivos, terão impactos igualmente prejudiciais em nossas ações.
O pensamento deve estar relacionado com a realidade. Porém, com o foco positivo, voltado para o controle da ansiedade e preparação para lidar com situações de pressão. Dessa forma, o bailarino não será prejudicado pelos seus pensamentos e se tornará um profissional mais competente, com um grande diferencial.
COMO FAZER REFERÊNCIA A ESTE ARTIGO:
Lopes, M. C. (2020, abril 24). Bailarinos: pensamentos que interferem no desempenho [Blog]. Recuperado de: https://www.mariacristinalopes.com/bailarinos--pensamentos-que-interferem-no-desempenho.html
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Psicologia da dança
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