Em todas as oportunidades de trabalho e conversa com professores de dança, um dos temas que mais recebo questionamentos é sobre qual postura que eles devem adotar diante de um comportamento inadequado por parte dos alunos das turmas de “baby class”; como lidar com estas situações, integrando a criança e sem perder o ritmo da aula. Acredito que este seja um dos grandes desafios dos professores e por isso resolvi abordar este assunto.

 Primeiramente vamos lembrar que as turmas de “baby class” são compostas por crianças de 2 a 5 anos e que nesta faixa de idade ainda estão na fase de egocentrismo, não possuem noção do outro, e que começam a receber influência de diferentes ambientes e com isso reproduzem os comportamentos como reflexo destes estímulos. A partir desta reflexão começamos a entender algumas situações em aula que são comuns: porque as crianças não obedecem às regras; porque não compartilham os brinquedos e instrumentos que usamos em aula, ou seja, querem sempre a mesma cor e o mesmo brinquedo; porque são agressivas com os colegas; porque choram ou pedem para ficar com a mãe; porque gostam de repetir o mesmo exercício toda aula!

Nesta faixa etária, começamos a introduzir: os conceitos de regras, de “certo e errado”, “eu e o outro”, atividade em grupo. Porém, a criança não responderá de forma consciente, mas ainda como um reflexo, uma cópia do que vocês professores e do que os colegas estão fazendo. É importante estimular o comportamento adequado através de incentivos quando os pequenos acertam e evitar as punições quando não for necessário. Comportamentos inadequados como morder devem ser prevenidos ao invés de reprimidos. Quando reprimimos a criança em excesso (sejam os pais ou outros educadores), ela pode desenvolver senso de vergonha e dúvida.

Da mesma forma é importante estimular a criança a assumir responsabilidades delegando tarefas apropriadas ao seu desenvolvimento, como organizar os materiais ou buscar um objeto. Quando demonstrar um comportamento inadequado é importante ser compreensivo e direcionar o comportamento adequado. Percebam que não estou falando de permissividade, mas de compreensão. Quando compreendemos os motivos de determinado comportamento da criança, conseguimos orientá-las de forma adequada e assertiva.

Eu sei que pode parecer simples, mas nem sempre é, principalmente quando falamos sobre estabelecer limites. Ter regras, limites e ensinar sobre valores são importantes para o desenvolvimento emocional, psicológico, social e comportamental do aluno, além de regular a aprendizagem em aula. Percebemos que as crianças não possuem limites quando demonstram atitudes agressivas, não adesão a rotinas e horários, atitudes extremamente dependentes e agitação. Um ponto importante que devemos ter em mente é que quando definimos regras precisamos que elas tenham consistência e clareza, devem valer para todos e todos devem segui-las. Utilizar das regras superficialmente ou não cumpri-las, atrapalha no desenvolvimento emocional e psicológico da criança. O medo do professor em ser autoritário também pode ser prejudicial. Ele paralisa o comportamento e imposição de regras. É necessário impor regras sem ser autoritário e sempre de forma positiva.


Bem, este é um tema extenso e fundamental para o trabalho dos professores, então eu vou continuar abordando o assunto no nosso próximo encontro aqui! Até lá!


>> Confira o texto "O vínculo professor-aluno na dança"

Maria Cristina Lopes Quando a mente está leve a dança flui Psicologia da dança

Comportamentos Inadequados em Aulas de Dança

Cintia Diniz - Psicóloga, Pesquisadora, Professora Registrada pela Royal Academy of Dance, Member of the International Dance Council e Consultora de escolas de ballet atuando em todo o Brasil. fb.com/decorpoementecomadanca / @diniz.cintia / cintiadiniz@hotmail.com / +55 11 9.7685-4398 (WhatsApp)